Por Alaor Gomes
Com a chegada da Resolução 175 da CVM, houve uma contratação em massa do serviço de registro de ativos por parte dos FIDCs que, por sua vez, têm a obrigação de manter tudo registrado. O que for passível de registro, claro.
Ok. Agora fica a questão: se o FIDC mitigou seu risco de duplicidade, para onde parte desse risco foi?
Eu Tenho Uma Resposta!
Pode não ser o único destino, mas é evidente que parte desse risco passou a rondar apenas factorings e securitizadoras, já que essas não estão sujeitas à obrigatoriedade. O que me soa preocupante é estar nesse mercado e ouvir de algumas pessoas: “Ah, não sou obrigado a registrar, então pra que vou absorver esse custo?” Acho que já respondi essa pergunta, certo?
O risco que antes era diluído, em sua maioria, entre fundos, factorings e securitizadoras, agora não pertence mais ao FIDC. Ou seja, será mesmo que alguns centavos de custo para registrar um ativo são piores do que uma duplicidade de milhares ou até milhões de reais?
Tenho a Seguinte Analogia
Vivemos em um país onde grande parte da população é pobre. Então, vamos supor que você comprou um carro superesportivo — uma Ferrari, para facilitar o exemplo.
Você teria a audácia de:
- Não fazer um seguro para esse veículo?
- Não colocar um rastreador?
Voltando à condição de estarmos em um país onde é minoria quem pode ter um carro desse porte: quem absorve o risco de sair na rua e um carro popular bater em você?
Numa eventual situação dessas, quem ficará com o prejuízo? Aposto todas as minhas fichas que o cidadão comum não terá condição de arcar com esse custo.
Pode não parecer justo? Pode até ser. Mas, novamente, o risco é todo seu.
Tá, Mas o Que Eu Quis Dizer com Essa Analogia?
Tirando os FIDCs dessa briga, se uma Sec ou factoring adquire uma duplicata (Ferrari) e não a registra, concordam que ela não contratou o seguro?
Imagine ainda se ela não tiver acompanhamento de lastro (monitoramento de NF-e, nos casos aplicáveis). Nesse caso, também não colocou o rastreador em seu ativo.
Por Que Isso Me Preocupa Tanto?
Claro que isso é apenas uma analogia para deixar clara minha opinião sobre o assunto. Não estou dizendo que, se houver registro, monitoramento e qualquer outra ferramenta de mitigação de risco, ele deixa de existir. Mas é inegável que ele diminui.
A Realidade do Mercado Atual
Vou ser direto: o que aconteceu com a Resolução CVM 175 foi uma transferência de risco. Os FIDCs se protegeram (e fizeram muito bem!), mas esse risco não sumiu do mapa.
Onde Esse Risco Foi Parar?
- Factorings que ainda pensam: “não sou obrigado, então não faço”
- Securitizadoras que querem economizar centavos
- Players menores que acham que estão “safe” sem registro
Gente, vamos combinar: estamos falando de duplicatas de milhares ou milhões vs. custos de centavos para registro. Faz sentido essa conta?
Ferramentas Que Todo Mundo Deveria Usar
Não é papo de vendedor (juro!), mas algumas coisas são básicas:
- Registro de ativos – O mínimo do mínimo
- Monitoramento de NF-e – Para não ser pego de surpresa
- Due diligence forte – Conhecer bem quem está vendendo
A Conta que Todo Mundo Deveria Fazer
- Custo do registro: alguns centavos por operação
- Prejuízo de uma duplicidade: milhares a milhões de reais
- Benefício extra: dormir tranquilo à noite
Qual opção faz mais sentido?
Para Termos um Mercado Cada Vez Mais Saudável
Portanto, penso que, para termos um mercado cada vez mais saudável, precisamos que todos se engajem na causa.
O Que Eu Gostaria de Ver Acontecendo
- Factorings registrando seus ativos por consciência, não por obrigação
- Securitizadoras vendo o registro como investimento, não custo
- Mercado entendendo que transparência gera confiança
- Players pequenos não sendo os únicos a assumir riscos enormes
Pode Parecer Papo de Vendedor…, mas duvido que eu esteja falando muita bobagem aqui.
A verdade é que quem não se protege hoje vai chorar amanhã. E não é só questão de regulação – é questão de bom senso mesmo.
Minha Provocação Final
Se você é de factoring ou securitizadora e ainda não registra seus ativos, me responde uma coisa: você compraria uma Ferrari e deixaria ela na rua sem seguro e sem rastreador?
Se a resposta é não, por que faz isso com seus ativos?
Vamos Conversar?
Se alguém pensa diferente de mim, será um prazer aprofundar o assunto.
Deixo aqui o convite para o debate nos comentários. Quero ouvir quem discorda, quem tem uma visão diferente, quem tem casos práticos para compartilhar.
Porque no final das contas, é discutindo que chegamos nas melhores soluções para o nosso mercado.
E vocês, o que acham? Estou sendo muito radical ou faz sentido essa reflexão?